quarta-feira, 11 de abril de 2012

Estratégia Moderna de Xadrez (experientes)

Caráter de uma posição

A escolha de um plano estratégico depende, em todo caso, a posição em que a partida se encontra. Pode fazer um plano estratégico adequado para ser seguido é um requisito indispensável. E é muito importante a habilidade de julgar previamente a posição e definir as suas características. Portanto, devemos perguntar quais são os fatores que determinam o caráter de uma posição, e por conseqüência, escolher um plano estratégico.
O caráter de uma posição é determinado pelos seguintes fatores:
1. A relação de material, seja de igualdade ou de superioridade de um bando em relação ao outro.
2. O poder individual de cada peça.
3. A qualidade individual de cada peão.
4. A posição dos peões, ou seja, a sua estrutura e formação.
5. A posição dos reis.
6. Cooperação mútua entre as peças.
Alguns fatores que determinam o caráter de uma posição são permanentes, outros são temporários. Um fator permanente é a posição dos peões, já que eles, ao contrário das peças, não podem ser transferidos com facilidade, exercem um papel mais estático no jogo. A posição dos peões muda gradativamente no decorrer do jogo, só que as peças podem adaptar muito bem a nova posição sem muita dificuldade. Aqui temos uma contradição. já que os peões possuem um valor relativamente pequeno, contribuem muito na determinação do caráter de uma posição. Outros fatores permanentes são a relação de matéria, e muitas vezes, a posição dos reis. Uma frase de advertência: o plano deve estar sob controle sempre para que por acaso ocorrer alguma alteração na posição. Uma ligeira alteração pode obrigar uma troca imediata do plano estratégico.
Ao julgar uma posição, devemos atender aos fatores que determinam caráter daquela posição, a partir daí eleger um plano. Outro fator muito importante é na hora de julgar posição, devemos analisar as perspectivas dos dois jogadores. Tal critério é muito importante se queremos calcular uma série de movimentos. Se devemos efetuar as manobras ou combinações, considerando que a posição resultante será ou não favorável. Se as perspectivas dos dois jogadores são iguais, então temos uma posição equilibrada, e uma posição equilibrada não significa necessariamente uma posição de empate. As formas de equilíbrio:
1. Posições de empate que não oferecem nenhuma possibilidade para escolher um plano efetivo e ativo.
2. Posições donde as mútuas possibilidades táticas são iguais, mas o caráter está baseado nos elementos particulares que determinam o caráter de uma posição.
O equilíbrio, no entanto, não pode ser alterado vantajosamente mediante de um ataque repentino. Isto pode prejudicar que o provoca. Este é um dos princípios de Steinitz. Homem que revolucionou o mundo de xadrez.
Veja o seguinte exemplo, extraído do livro Estratégia Moderna de Xadrez de Ludeck Pachman:
Meek - Morphy
(Mobile, 1855)
1. P4R, P4R;
2. CR3B, CD3B;
3. P4D, PxP;
4. B4BD, B4B;
5. C5C?, ...
A quinta jogada das brancas foi de certo modo uma tentativa de perturbação de equilíbrio mediante o sacrifício de um peão em troca do desenvolvimento. Se as brancas continuassem de com 5. P3B, não teria feito nenhuma troca desfavorável para seu próprio jogo. Com a jogada da partida, trata-se de uma exploração da debilidade em 7BR com um ataque repentino. Isto é um erro, pois óbvio de que as negras não cometeram nenhum erro. O equilíbrio foi perturbado, portando o ímpeto do ataque das brancas no combate não as proporcionará vantagem nenhuma.
5. ..., C3T;
6.
CxPB?!, CxC;
7. BxC+, RxB;
8.
D5T+, P3CR;
9. DxB,

As últimas cinco jogadas das brancas têm chegado a recuperar o peão sacrificado e ao mesmo tempo ter deixado o rei adversário exposto, mas por causa disso, estão atrasadas em desenvolvimento e o equilíbrio perturbado age contra ele.
 9. ..., P3D;
10. D5CD, T1D;
11. D3C+?,
Um jogador familiarizado com os princípios modernos de xadrez, sem dúvida, escolheria a seguinte continuação 11. O-O, TxP; 12. C2D, T1R; 13. C3B. Já que depois de as negras jogassem ...D3B; estariam suficientemente compensados pelo peão sacrificado, ao completar seu desenvolvimento, estariam dispostas a defender as ameaças imediatas.
12. ..., P4D;
13. D3D, PxP;
14. PxP, D5T+;
15. P3CR, TxP+;
16. R2B, D2R;
17. C2D, T6R;
18. D5C, P3B!;
19. D1B, ...;
Se 19. DxC, as negras contestariam ...T7R+
20. D1D, T1BR;
21. C3B, R1R
22. Abandonam.
Para terminar, examinaremos conceitos de ataque e iniciativa em relação ao equilíbrio. Para ataque, queremos dizer uma ameaça direta contra a posição adversária mediante um avanço dos peões apoiados pelas peças numa determinada seção do tabuleiro. O princípio bem conhecido na ciência militar de que o sucesso da execução de um plano requer superioridade nas forças atacantes é também aplicável em xadrez. Ao levar em diante um ataque com esperança de sucesso precisamos uma colocação mais ativa das peças, ou vantagem no espaço, ou maior mobilidade ou a posição inimiga apresente alguma debilidade. O procedimento de impor um próprio plano (marcar o passo) se chama iniciativa, e é resultado natural de uma perturbação.

Algumas Dicas:

 1). Numa luta contra a dama é importante evitar formação de debilidades táticas que poderiam ser atacadas pelo adversário.
2). Uma dama e bispo, contra duas torres e um cavalo, numa posição aberta, oferecem melhores oportunidades que uma dama contra duas torres. A razão disso, é que dama e bispo coordenam melhor ao longo da diagonal.
 "Capablanca dizia que a ação conjunta entre um cavalo e uma dama é melhor do que a dama com qualquer outra peça inclusive uma torre." (nota do tradutor)
Bispo Peças Menores Alguns conselhos para o manejo das peças menores:
Bispos: A fim de exercer sua máxima potência, um bispo precisa de diagonais desimpedias.
O diferente valor entre os bispos é um fator importante. Pela regra, cada bando procurará colocar seus peões mas casas de cores opostas do seu próprio bispo. Isso facilita bloquear os peões adversários em casas acessíveis ao bispo. Quando numa posição simplificada e a formação dos peões tornam cada vez mais rígida, ambos lados tratam de liberar o bispo mau e conservar o bom. No meio jogo, as vezes é bom iniciar uma série de trocas que conduzem a um final favorável de bispo bom contra bispo mal. Como por exemplo: 1. P4D, P4D; 2. P4BD,P3BD; 3. PxP, PxP; 4.CD3B; CD3B; 5. C3B, C3B; 6. B4B, B4B; 7.P3R, P3R; os bispos em 4BR e 5BR dificilmente podem ser chamados de maus.
Cavalos: Um requisito par seu melhor funcionamento é contar com uma base operacional. Queremos dizer que uma casa na qual um cavalo está protegido de ataques pelas peças inimigas e mais importante, pelos peões.
Luta de cavalo contra bispo: Qual é melhor??
Para esclarecer isso, devemos levar em conta sobre o caráter de uma posição e principalmente a formação dos peões. O poder de longo alcance dos bispos é definido melhor nas posições abertas com peões móveis em cada lado do tabuleiro; A potência do cavalo se manifesta superior quando a posição está fechada ou apresenta uma característica semifechada, ele consegue alcançar casas devido seu movimento peculiar, chegando nos pontos em que estão velados para o bispo devido seu movimento direto. Portanto, o lado que tem o bispo deve manter os peões móveis, e o outro lado deve procurar bloquear os peões nas casas de mesma cor do bispo e ao mesmo tempo, mediante adequadas manobras de cavalo. criar pontos de ataque.
Os dois bispos são considerados uma vantagem quase absoluta, pois um bispo cobre apenas metade do tabuleiro, e um par de bispos cobre o tabuleiro inteiro. Par de bispos numa posição fechada ainda é considerada um fator considerável. Muitas vezes, um bando sacrifica um peão para assegurar os dois bispos.
Os dois bispos triunfam normalmente devido a sua natural coordenação entre si numa posição aberta. Mas quando uma posição apresentar uma formação de peões simetricamente distribuídos, devemos adotar um método engenhoso de Steinitz:
a) Adequados avanços de peões para restringir bases operacionais para o cavalo inimigo,
b) Limitação da ação do cavalo, mantendo-o numa posição desfavorável na retaguarda;
c) Explorar o poder restritivo do cavalo mediante uma ruptura no momento certo.
Exemplo (extraído do livro "Os Mestres do Tabuleiro" de Ricard Reti):
Rosenthal Seinitz
(Viena. 1873)
1. P4R; P4R; 2. CD3B; 3. C3B; P3CR!?; 4. P4D, PxP; 5. CxP; B2C; 6. B3R, CR2R; 7. B4BD, ...
Aqui 7. D2D, seguido de O-O-O é forte!
7. ... P3D; 8. O-O, O-O; 9. P4B?, C4T!; 10. B3D, P4D; 11. PxP, ...
No 11. P5R?, P4BD! e perde-se uma peça.
11. ... CxP; 12. CxC, DxC; 13. P3B, T1D;
Ameaçando P4BD.
14. D2B, ...;
Tentando responder 14.... P4BD com B4R.
14. ... C5B!; 15. BxC, DxB; 16. D2B,
As negras estavam ameaçando 16. ...BxC; 17. BxB, TxB!
Agora temos uma posição típica em que em que os dois bispos não têm objetivos de ataque direto, portanto bom restringir a mobilidade de cavalo branco. Esta partida tem uma grande importância histórica por ser a primeira partida em que os princípios de Steinitz são utilizados.
16. ..., P4BD;
A primeira e a mais importante base operacional do cavalo é tirada.
17. C3B, P3C;
Pela sua imprudente jogada 9. P4BR, as brancas têm restringido a mobilidade do seu próprio bispo no flanco do rei; agora as negras formam uma cadeia de peões para restringi-lo no flanco da dama.
18. C5R, D3R; 19. D3B, B3TD; 20. TR1R, P3B!; 21. C4C, D2B; 22. C2B. D2B;
Cuidando da ameaça 23. P5B e ao mesmo tempo prepara B2C atacando ponto débil 7CR. Está claro de que agora as brancas estão numa posição inferior, pois suas peças estão bastante restringidas. Sua próxima jogada que perde um peão piora ainda mais a situação diminuindo toda chance de sustentar a partida.
23.P5B, P4CR; 24. TD1D, B2C; 25. D3C, T4D!; 26. TxT, DxT; 27. T1D, DxPB; 28. D7B, B4D; 29 P3CD, T1R; 30. P4B, B2B; 31. B1B, T7R; 32. T1BR, D7BD;
Ameaçando TxC.
33. D3C, DxPT; 34. D8C+, R2T; 35. D3C, B3C; 36. P4T, P5C; 37. C3D, DxP; 38. D7B, DxC;
39. Abandonam.

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